quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Sobre Etanol nos Estados Unidos

ETANOL NOS ESTADOS UNIDOS

Para nós brasileiros, pioneiros na produção de etanol da cana de açucar, é sempre importante prestar atenção em como os outros produtores de etanol no mundo estão se saindo. Então resolvi escrever um pouco sobre o Etanol nos Estados Unidos.

Um “boom” do etanol começou nos Estados Unidos quando o congresso americano tornou obrigatória a mistura de combustíveis renováveis na gasolina, gerando um consumo de 7,5 bilhões de galões até 2012.

De acordo com artigo do New York Times publicado no ultimo dia 30 de setembro, a perspectiva da demanda do produto desencadeou uma corrida por construção de destilarias, aumento do preço do milho e dos alimentos e a esperança de um novo futuro para o campo americano. Mas esse ritmo já começa a diminuir.

A demanda para 2012 já foi superada pela indústria produtora de etanol, que já apresenta capacidade de produção de 7,8 bilhões até o final de 2007 e espera-se produzir 11,5 bilhões de galões em 2009, por isso a indústria prevê uma desaceleração da produção a partir de agora.

O desafio agora é o escoamento, já que a criação de meios para escoar a produção não acompanhou o mesmo ritmo da construção das destilarias. Isso, em partes, influenciou a queda de preços no mercado spot do etanol, que já acumula queda de 30% desde maio.

O combustível não pode ser escoado através do sistema de dutos para combustível americano, uma vez que é corrosivo e absorve água e impurezas. Logo, é transportado via rede ferroviária, rodoviária ou hidroviária que além de serem mais caras não apresentavam estrutura suficiente. Os investimentos em transporte e distribuição estão acontecendo de maneira mais lenta e, portanto há um descompasso.

Especialistas dizem que o problema é temporário e a dificuldade em escoar o etanol dos Estados centrais para a costa americana, onde a demanda é maior, é uma questão de tempo.

Segundo, Neil E. Harl, professor de economia da universidade do Estado de Iowa, esse é um momento crítico para investidores. Mesmo com perspectivas de obtenção de suportes generosos por parte do governo americano, que tem interesse em manter o setor em crescimento, a expansão mal planejada da indústria levanta questões sobre a habilidade do setor em atender as expectativas do presidente de atenuar dependência americana por petróleo estrangeiro.

As destilarias construídas com subsídios e incentivos fiscais oferecidos pelo governo federal já estão em operação ou começarão a funcionar no final de 2008. Estão produzindo e colocando grande quantidade de etanol no mercado, o que acirra a concorrência ao oferecer melhores condições para os compradores negociarem preços ainda mais baixos.

Por enquanto, empresas americanas já abortaram planos de expansão e cancelaram construções de novas plantas. Se os preços continuarem a cair, a tendência é a consolidação ou concentração da indústria, com empresas menores saindo do mercado.

O etanol barato ajuda a reduzir o preço da gasolina na bomba onde há mistura. Mas o impacto é pequeno, pois a mistura ainda é de 10%. O congresso norte-americano pretende aumentar a porcentagem de biocombustíveis no futuro, mas ainda não se sabe quando. Se o aumento da mistura fosse aprovado, a demanda passaria para 36 bilhões de galões em 2022.

Talvez haveria uma retomada rápida do crescimento do setor a partir dai, o que incentivaria novos investimentos, pesquisa em etanol de fontes não alimentares, e persuadiria a indústria automobilística a produzir carros bicombústiveis.

Mas enquanto o “energy bill” não for aprovado os investimentos no setor tendem a desacelerar nos Estados Unidos.

Adriana Arruda de Moura Torres

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